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Cultuando o Ori- Saberes e Conhecimentos Históricos sobre a religiosidade africana

NOSSOS ANCESTRAIS

BANTUS

O grupo mais numeroso, dividiam-se em dois subgrupos: angola-congoleses e moçambiques.
A origem desse grupo estava ligada ao que hoje representa Angola, Zaire e Moçambique (correspondestes ao centro-sul do continente africano) e tinha como destino Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.

IORUBAS OU NAGÔS –SUDANESES

Dividiam-se em três subgrupos: iorubas, jejes e fanti-ashantis, trazidos do sudoeste do continente africano do que hoje é representado pela Nigéria, Daomei e Costa do Ouro e seu destino geralmente era a Bahia. Os IORUBÁS são o principal grupo étnico nos estados de Ekiti, Kwara, Lagos, Ogun, Ongo, Osun e Oyo. Um número considerável de iorubas vive na República do Benin.

JEJES

São um povo africano que habita o Togo, Gana, Benim e regiões vizinhas, representado, no contingente de escravos trazidos para o Brasil, pelos povos denominados fon, éwé, mina, fanti e ashanti.

Os GUINEANOS-SUDANESES MUÇULMANOS

Dividiam-se em quatro subgrupos: fula, mandinga, haussas e tapas. Esse grupo tinha a mesma origem e destino dos sudaneses, a diferença estava no fato de serem convertidos ao islamismo. FON – a maior expressão histórica, política e social do povo se expressou no Benin através do Reino do Dahomey e na Diáspora africana através do vodun. Todos esses, falando línguas diferentes e cultuando seus próprios deuses.

CONSTRUINDO NOSSA RELIGIOSIDADE E CONHECIMENTO

Os bantus

Os angolanos e os congueses chegaram primeiro aqui. A partir de 1580 já havia uma grande quantidade de escravos na Bahia. Os negros de Angola foram escravizados junto com os índios nas fazendas dos jesuítas e de certos senhores de engenho. Eles receberam dos indígenas o segredo das plantas da terra e criaram os primeiros candomblés, chamados de calunduns.

Os djedjes

No século XIX chega a próxima leva de escravos africanos que são os djedjes, muito importantes numericamente, eles já encontram uma tradição religiosa organizada, herdam vários elementos, mas trazem muitos recursos importantes da própria tradição jeje e criam uma segunda tradição aqui.

Os nagôs

Ainda há um terceiro momento, dos nagôs e iorubas, que são os últimos a chegar, mas vêm com tradições poderosíssimas, que trazem muitas novidades também, mas que absorvem essa terminologia, essa organização espacial, tanto é que dentro do candomblé de ketu existem vários termos de Angola e do jeje, que foram absorvidos.

Ou seja, o candomblé de ketu nagô trouxe tradições que influenciaram todos os demais, mas, por sua vez, eles também absorveram tradições que já estavam instaladas aqui”.

Além de se misturarem entre si, as tradições africanas também receberam influências das culturas indígena e portuguesa. Este cruzamento é a base da criação de religiões como a umbanda, o catimbó e a jurema nordestina.

A religiosidade afro brasileira.

O candomblé, o cabula, a umbanda, a quimbanda, etc.

Cultos étnico-religiosos. – Rio Grande do Sul, e se estendeu para países vizinhos como Uruguai e Argentina.

Cabula é o nome pelo qual foi chamada, na Bahia, uma seita surgida no final do século XIX, com caráter secreto e fundo religioso. Além do cunho hermético, a seita mantinha forte influência da cultura afro-brasileira, sobretudo dos malês, bantos com sincretismo provocado pela difusão da Doutrina Espírita nos últimos anos do século XIX. A Cabula é classificada como candomblé de caboclo, considerada como precursora da Umbanda, persiste ainda como forma de culto nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Umbanda é uma religião brasileira que sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo, as religiões afro-brasileiras e a religiosidade indígena.
A palavra umbanda deriva de m’banda, que em quimbundo significa “sacerdote” ou “curandeiro”.[1]

Quimbanda – é uma ramificação da umbanda desde a sua fundação pelo médium brasileiro Zélio Fernandino de Morais, já que o mesmo admitiu ter um exu como guia por ordens de seus guias.
Assim como qualquer religião, dentro da quimbanda, existem várias linhas de desenvolvimento, mas o princípio de trabalhar respeitando as leis da Umbanda é fundamental, uma vez que estas entidades são comandadas pelas entidades da Umbanda, que é sua matriz.

– A Nação Xambá é uma religião afro-brasileira ativa em Olinda, Pernambuco. Alguns autores, como Olga Caciatore e Reginaldo Prandi, afirmam que este culto está praticamente extinto no país. Omolocô é um culto originário do Rio de Janeiro com práticas rituais e de culto aos Orixás e que aceita cultos, aos Caboclos, aos Pretos-velhos e demais Falangeiros de Orixás da Umbanda. O culto Omolokô é apontado por estudiosos do assunto e praticantes como um dos principais influenciadores da formação da Umbanda africanizada ao lado do Candomblé de Caboclo, do Cabula e do próprio Candomblé. Teria surgido, segundo Tancredo da Silva Pinto entre o povo africano Lunda-Quiôco.

Axé ou asé

No contexto da efervescência das lutas e organizações de valorização da negritude, a palavra “Axé” vai ocupar um lugar de destaque na língua portuguesa, dada a sua significação. O termo extrapola seu alcance no âmbito das religiões e passa a ser compreendido e assimilado na língua portuguesa como a energia irradiante, contaminadora que nasce das ações e práticas dos negros.

Oxalá

Oxalá é o nome de um orixá cultuado nos terreiros, cujo dia em que se celebra é a sexta feira, razão pela qual muito utilizam a cor branca em suas roupas nesse dia. Entretanto no cotidiano da língua portuguesa, oxalá, tornou-se uma expressão cujo significado “queira Deus”, “permita Oh Deus”.

O Plural

Do ponto de vista da morfologia e da sintaxe, na língua ioruba, a composição do plural dos substantivos se dá pela flexão dos artigos que os precedem. Enquanto na língua portuguesa se constrói o plural flexionando os substantivos, na estrutura da língua ioruba, isso se faz apenas com os artigos. Exemplificando: Na língua portuguesa, a construção do plural de “a casa” fica “as casas”.

Em ioruba flexiona-se só o artigo e fica assim “as casa”. Vogal e consoante.

Nas línguas ioruba e banto não se utiliza consoantes na pronúncia das palavras, quando essas estão no final da palavra. Na língua portuguesa tais consoantes fazem parte da regra gramatical. Ao afirmar essa configuração linguística, vamos encontrar na pronúncia brasileira as palavras terminando com as vogais. Ex.: cantá, quando deveria, segundo a língua portuguesa ser cantar; comê, ao invés de comer; pulá, em se tratando de pular. Essa tendência está relacionada à estrutura silábica da língua ioruba.

Ainda, o Estado é um ente laico que procura, ao máximo, manter laicidade e a neutralidade, buscando regular e proteger o livre exercício religioso, conforme dispõe o artigo 5º, VI, da Constituição Federal que dispõe:

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.

Ademais, como princípio básico da Constituição, o combate a todo tipo de preconceito e discriminação religiosa conforme artigos 3º, IV e 5º XXXI. Nesse sentido, a lei 7.716/89 criminaliza diversas condutas de cunho discriminatório, inclusive a religiosa.

Caracteriza-se intolerância religiosa, a falta de respeito com os cultos e culturas religiosas, através de ofensas injuriosas ou depreciação cultural cuja ações podem resultar em grave violência ou ameaça e até mesmo depredação dos templos de cunho religioso, ou até mesmo, homicídios oriundos da intolerância. Ainda, tem-se como intolerância religiosa, a profanação pública de símbolos religiosos ou a perturbação de cultos religiosos, recusa de prestação de serviços e restrições ao acesso de locais públicos e coletivos.

Mas ainda falta a punição no caso de destruição de patrimônio cultural e privado.

 

Ana Paula Febatis, pesquisadora, professora, historiadora, ativista social.

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Coluna da Febatis

Sou a Ana Paula Ferreira ou “Febatis“, sou uma mulher preta e cristã, nascida em Barretos, cresci, casei com o Ismael e tenho dois meninos João Pedro, de 20 anos e Luiz Henrique com 16 anos. Bisneta da “Vó Vina” e seu Marcelino; neta de seu Xavier e Dona Luzia, avós maternos e D. Rosa e Seu Delcides, avós paternos, todos em memória e ancestralidade em mim. Minha mãe é Celia, que está em plena beleza e jovialidade no alto de seus 71anos. E meu pai, conhecido como “Zuis”, já dorme no Senhor.

Tenho sobrinhos, sobrinhas e sobrinhos-neto.
Aos 36 anos, entrei na Faculdade para trilhar o caminho do saber acadêmico, me formei em 2015 como Pedagoga e logo em seguida em 2020, me formei em História. E em 2022, terminei a pós graduação em Sociologia em Educação e Cultura.

O conhecimento é a ferramenta de mudança no mundo para transformar a vida e sonhos em realidade.

” O conhecimento é válido quando compartilhado “.

A Educação transformadora passa pela espiritualidade serena, acolhedora, amorosa e coletiva.

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